A
TUA DELICIOSA LOUCURA.
Por
muito tempo estive pensando no que tu me dizias sorrindo após os nossos
prazerosos momentos. Hoje quando me interesso por uma mulher, vem logo a frase:
não basta ser bonitinha é preciso muita imaginação também. Após alguns
infrutíferos e rápidos relacionamentos, tenho que concordar contigo, precisa
realmente de muita imaginação também, para que o tempo, a rotina não desgaste a
aventura de compartilhar a vida com quem achamos que é para vida toda.
Enfim,
quero dizer-te, nenhuma mulher conseguiu superar a tua graciosa imaginação.
Amar- te foi sem dúvida uma das mais agradáveis dádivas desta vida, certamente
não cairá no esquecimento. Adorava tuas personagens: esposa, prostituta,
enfermeira, dançarina Turca, mulher gato, camponesa, freira, baiana e outras
personagens do reino animal, era, realmente delirante, muito grato à vista, um
encanto de prazer, e possivelmente não encontrarei uma mulher tão louca por
prazeres tão ímpares.
O certo foi que com o passar do tempo me vi
obrigado a entrar nesse estranho e delicioso mundo exclusivamente teu. E nele,
Já fui: médico, policial, escravo, carteiro, caçador, o varredor de rua que
vinha varrer todos os dias a frente de tua casa, e até cavalo. Esse último tu
adoravas. Lembras de quando brincávamos com as portas fechadas? Ficávamos
despidos correndo ao redor da cama, ora ao redor da mesa de jantar. Era uma
loucura, eu era um lobo muito faminto, e tu mostravas os dentes, falavas que
eras uma cachorra. Colocavas as mãos na cintura e ficavas a requebrar dizendo
que o lobo não iria te pegar. Daí começávamos correr, de propósito, recordo
muito bem, como se fosse hoje, tropeçavas para que eu chegasse até a ti. Que
coisa né? Cheguei diversas vezes a invocar em pensamento os deuses dos
poetas que na hora da aflição nos confortam com suas canções para me tirar
daquela gostosa tortura, mas, ainda bem, parece que eles entenderam errados, e
derramavam sobre ti, chuvas de beleza e sensualidade, tornava-se mais atraente.
Resistir a tua perseguição amorosa, era impossível, acabava cedendo aos teus
olhares de volúpia, passava a te ver divinamente gostosa, absolutamente
superior, dona de mim.
A tua
intensidade seduzia, teu amor louco e extravagante embriagava-me de prazer.
Adorava aquela encantadora loucura. Uma personagem, tenho guardado em minha
memória, não porque as outras tiveram pouca importância, mas o figurino da
prostituta, aquele vestido preto com uma longa abertura do lado esquerdo! E a
maquilagem? Um batom vermelho, e uma pinta no rosto, típica prostituta
americana dos anos 30. Depois de dar uma desfilada pela sala, sentavas no sofá,
fingia está fumando, cruzava as pernas e começava a cena de sedução. Mulher, tu
eras de fato muito louca, porém nada mais apaixonante poderia existir.
Aproposito, falando nisso, nunca te respondi quando me perguntavas de qual
personagem eu mais gostava.
Pois bem,
digo agora, já que não estamos mais com essa extravagante e prazerosa loucura
de amar, nem dela gozamos mais da deliciosa liberdade de imaginar. Acredite
mulher, de todas as personagens, a que eu mais gostava era quando fazias o papel de esposa.
Farias 2015
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