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02 janeiro 2024

COLEÇÃO DE POEMAS

Espectro da alegria

Quando vi teu epiléptico espectro

revirar a cabeça na agonia do prazer,

com sussurros, apertos e gritos contidos,

nesse enlace. 

Não consegui conter a atroz vontade,

Insana vontade! Medo e alegria...

Invadiam-me em turbilhão.

Ao vê-la Linda, esplendorosa...!

E  tudo a mim, oferecias, permitias...

Oh ! Diga-me se estou a delirar?

Minha alegria.

Deixe-me disparatar aos teus ouvidos,

 Também,  Leticia!

                                         Farias 1994

 

À Você com muita saudade.

Saudades!
Do teu antigo sorriso de metal, dos teus lábios escarlates, das tuas mão brancas espalmadas nas minhas costas quando me abraçava. Dos teus olhos tristes e inocentes que me olhavas discretamente.
Saudades, muita vontade!
De arrancar teu vagabundo vestido longo bordados de crisântemos roxos, comprado naquela barraca da feira de sábado, e elegantemente vestias como se fosse de grife.
Saudades.
Muita saudade de apossar - me do teu corpo, de tocar teus fartos seios lindos e mimosos, e tê-los todos para mim, somente, de ouvir tua nasalizada voz a dizer: amo roçar teu corpo quente no meu, seu canalha.
Saudades.
Do feérico momento da nossa entrega, tão perfeitamente justa, tu e eu, feito o encaixe da gaveta do criado mudo ao lado da cama do quarto nosso, sem nenhuma folga. Que perfeição!
Saudades.
De vê-la de lábios contraídos, sussurrando, dizendo que fui seu melhor amante. Do perfume exalado dos cabelos quando jogavas para o lado após o banho, de descer as escadas para fazer leite na madrugada para tirar tua insônia, bobagem! Você dormia como uma fada depois do amor.
Ah! Saudades ...
Hoje , quando me vistes caminhando pelo calçadão da ferrovia. Lembrei do ditado francês que sempre te dizia, LA PETIT MORT, e ainda em êxtase, sorrias ...
Droga de saudade.
Não sei o que faço com o meu coração que convulsivamente palpita quando te ver.
Farias 2015

 

 Paradoxo

Às vezes quero te proteger,
Mas procuro... de quê?
És forte... e,
às vezes frágil,
Tão menina...
linda e louca ,
Mas mulher, 
E que mulher!
És tu, e teu jeito de ser,
Que faz de mim, 
O inocente homem que não sou.

                                              Farias 1998

 Inocentes.

Em teu corpo de sedosos flancos,

de perigosas, delicadas formas!

Perdi-me por senda inéditas

do teu misterioso templo.

Recordo saudosamente,

repousando nos meus braços,

e sem receio algum, dizias,

sim querido!  Você pode.

Minhas mãos percorriam    
teu ebúrneo belo corpo,

despertando teu desejo louco...

ébrios pela lúbrica excitação...,

você, eu, as estranhas vontades,

sepultávamos as honras...

feitos dois pagãos.

                             Farias 2010

 Aprisionado

 Este teu jeito enigmático

de querer. . .

Confundi.

Deixa-me pasmo.

Observo o teu ser na totalidade,

posso dizer: é mágico!

E invejo!

Tua maneira louca,

apaixonadamente louca de viver.

És meu carrasco em tudo.

E como um infame réptil,

prostro-me aos teus pés.

Meu ópio... Cínica...

Minha dose diária de morfina,

sou dos teus prazeres refém.

Mulher louca...

Desvesti...

Vivamos essa simbiose insana.

Gênese do meu mal necessário.

Ser necrófilo.

Tu me colocas no limite

da loucura e da razão.

                                            Farias 03/05/2000

 Noite Febril

Toco teus seios fartos,

beijo- te os lábios ,

desvisto-te completamente,

contemplo, acaricio...

teu corpo convulsivo,

ardente, desejoso...

Sinto o perfume...ah!

Entorpecente!

Único no mundo.

Embriagado pelo cheiro,

vejo-te em desespero,

gozo profundo.

Agarra- se ao travesseiro,

Sussurras , geme...

cerra os dentes...

numa intensa contração de músculos.

Suspiros, ah!...

Sai...

                          Farias      04/05/2011

 Infame desejo.

Desgraçado corpo que  desejo!

És pecaminoso e belo.

Divagou por sebosas camas.

Descrições pútrida de sexo, 

Mãos diabólicas, profanas,

Invade, avilta  inocência

da alma que resta.

Torna-se alma e corpo sujos,

maculados  pelo último ato

daquela ópera insana.

Ah! Devassa, vândala..

Querida Messalina...

Quero sucumbir contigo.

                                Farias 2012

 Sem virtude

ÉS um anjo me tentando.

Às vezes me guarda,
tortura.
Deixa-me livre, 
Ora junto a mim.
Coladinha!
Corpos unidos...
Almas unidas,

tudo num só pensar.
Mas tudo... 
Brutalmente uno.
                                   Farias. 1998

  Não te amo, desejo-te

Beijá-la  com meu  etílico bafo,

tua virginal boca desenhada...

fazia de mim privilegiado.

Oh!  Amada criatura, amada.

Que saudade!

De ter meu mau diagramado eu,

Sobre a perfeita assimetria do teu,

Ambos suspensos do leito,

Por uma atmosfera mágica

de  prazer e agonia...

Que viagem! Que vontade,

de vê-la desprotegida, linda...

Eu criatura vil , você,  cândida...

Sem pudor, sem escrúpulos...

Desejo somente...

com toda as vontades extras.

Institivamente.

                                     Farias 2000

À dama negra

A silenciosa dama negra

traz - me doloridas sensações ,

lembrança do passado presente,

das canções, suaves canções !

Do teu cheiro tão diferente!

Da serenidade inconstante

e tempestuosos momentos.

 

Ó noite! Por que existe?

Por que o soberano dia

lentamente não a asfixia ,

afasta tua melancólica brisa

que friamente sopra em mim ?

 

Ó terrível dama de preto

amo- te e também odeio

odeio-te porque me torturas

amo-te porque em ti vive...

meus sepultados amores,

desejos irrealizáveis...

os instantes de dores,

 

Recordo em ti grande dama,

ela, quando endoidecida,

divinamente linda dizia

numa síntese de tudo,

que não me amava mais.

E eu pálido, Inerte fenecia ...

 

Ó dia , venha, venha absoluto,

transporta - me a um lugar qualquer.

Sufoca a eterna senhora de luto,.

Dissolva a imagem dessa mulher.

 

Os raios dourados surgem

e, por traz das escuras nuvens

o sol aparece impiedoso,

violentamente a incinera ,

com ela as amargas, amáveis lembranças.

Ó dia, por que viestes?

                                           Farias 2000 

 O normal de hoje

O mundo está feio, cinza e triste...

As pessoas somem uma a uma,

sem tempo para dizer adeus ou até mais...

O tempo violentamente efêmero!

Não possibilita longevos planos...

O mundo mudou, acredite!

Ninguém entendeu a mensagem...

O que temos para amanhã?

Não sei!

Talvez a notícia que fulano sumiu...

Se ele disse adeus? Não sei...

Não veremos mais?

Não sei.

O mundo mudou, entenda!

A incerteza das coisas.

É certeza que temos...

                                             Farias 2020

Desejos

Teu olhar terno e misterioso,

diz algo que não entendo,

e na angustia de ver distante,

faz- me continuar sofrendo,

tua sensualidade inocente ,

desperta meu coração perverso,

devoro-te, bela sem pecado.

nos meus profanos pensamentos.

 

Um dia, há de olhar para mim,

feito um punhal cortante,

Mas olhe, sem pureza , prefiro,

nem que seja por um instante.

Matará – me a sede dos lábios seus,

e quando o êxtase do prazer passar,

sem a inocência de antes, saciada,

despreza- me ,mais nada.

                                                   Farias 2010

SEGREDO...

Fiz versos de amor para você

Sim! Falei dos momentos sacanas.

Da paixão acalorada,

Só não falei o que falaste.

O teu louco fetiche.

Falei de sentimento,

do amor que existe,

sem pudor ou respeito.

Que importa? Se...

Sempre foi bom desse jeito!

Por ti, e a ti, tudo permitiria!

Mostrar tuas longas pernas,

teu ousado decote...

Usar lingerie provocante,

mas à noite, no jantar rasgaria,

feito um louco amante.

Desculpe!

Não falei do teu fetiche,

só dos momentos sacanas. 

                                     Farias 2001

 


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