RUTE NÃO É UMA VADIA
No
Bar do casarão, um lugar nefasto, frequentados por tipos também nefastos, e
visto com desconfiança por todas as pessoas de bem da cidade, quando lá cheguei
já passavam das 23;00h, o salão continuava lotado. Vestidas com poucas roupas e
embriagadas, as mulheres tornavam-se presas fáceis para aproveitadores.
Seu
comportamento sexual hiperativo, segundo comentários feitos por seus devassos
clientes, deixava qualquer homem, que a tivesse na cama, extasiado, pusilânime.
Enquanto sem aparentar nenhum cansaço diria: __ te dou cinco minutos para se
recuperar. Isso quando em seu pútrido leito não tinha mais de um acompanhante!
Rute era adepta dos excessos! Relacionamentos coletivos era costume seu, e
oficio.
Naquela noite, apareceu no casarão, um sujeito de boa aparência, bem
vestido, calçando um belo par de sapatos. Era no mínimo uma pessoa estranha,
suspeita para o lugar, já que era um ambiente de vagabundos, rufiões e
prostitutas, está ali, não condizia com a aparência que trazia. A despudorada
Rute, assim que o avistou tratou logo de aproximar do desconhecido. Sentou à
mesa, acendeu um cigarro, se apresentou. O homem, contrário dela, mostrava uma
educação muito refinada, uma pessoa de classe social superior, tanto pelo o
porte quanto pelas roupas. Olhou para o balcão e pediu uma bebida.
Fiquei
por um longo tempo vendo, admirado com a sensualidade extravagante de Rute.
Imaginava quantos homens a teve, quantos ela tinha tido. De repente resolvem
sair da mesa, ela pega na mão do misterioso homem, sobem a escada que leva aos
quartos da velha mansão que fora transformada em bar. Como não confio em quem
não conheço, também movido pelas coxas roliças e os seios a pular do decote,
resolvi segui-los. Entraram em um dos quartos, não trancaram a porta,
aproximei, fiquei a espiar a incitante cena. A atrevida Rute foi arrancando o
vestido e as outras peças de roupas, ficando despida. O sem nome, olhava
analiticamente com desprezo. Aquele gesto deixou-me raivoso, questionava porque
não entrava para fazer parte daquela deliciosa congruência, ou porque não a
tomava em meus braços? Haja vista o aparente licencioso não esboçava nenhuma
reação de interesse pela intensa vontade sexual de Rute.
Enfim, o galã foge tomado pelo medo da volúpia desenfreada, para não
dizer desejo sexual exagerado. A depravação aumentava ao passo que tentava
abraça-lo e era rejeitada. Rute estava um vulcão em atividade naquele momento!
Um misto de desejo e ira inundava seu estranho apetite sexual. Lasciva,
abandonada pelo o galante que saiu pela janela com medo de ser devorado pela
voraz vontade da moça, ficou desolada, e em prantos caiu sobre a cama.
Seu intenso desejo fê-la perder o senso,
rolava de um lado para o outro, mordia os lençóis, acariciava os seios,
contraia as pernas, o corpo banhado de suou, cerrando os dentes soltava
abafados gritos. Desesperada para matar sua patológica vontade, também pulou a janela, saiu pela rua, feito um animal à
procura de comida. Saí apressado atrás, desta vez as
coxas roliças e os robustos seios a pular do provocante decote, não me
importava mais, tínhamos um liame. Sentia pena daquela mulher demasiadamente louca,
entregue a todas as liberdades e prazeres. Encontrá-la era algo mais valoroso do que o desejo de possuí-la.
Preocupado, rezava silenciosamente para nenhuma coisa de ruim
acontecesse com aquela mulher divagando nua e desprotegida por um lugar ermo,
extremamente perigoso. Enquanto procurava a minha insana messalina, lembrava
dos falatórios, os boatos sobre um homem atacando mulheres e conduzia-as até um
bosque existente próximo do casarão e lá as violentava sexualmente. Contaram-me
também que quando ouviam os gritos de agonia e torturas das vítimas, a música
do bar tinha o volume aumentado para não escutarem ou ousassem ir socorrê-las
ou chamarem a polícia, certamente, seria um péssimo plano para o bar. Tudo isso
tirava-me a esperança de encontrá-la ainda com vida.
Depois da longa e estressante buscar, o desfecho não foi trágico mediante as possibilidades do fatalismo. Finalmente, pouco mais de um quilometro encontrei Rute, escorada em uma arvore, a saciar com alguns mendigos, seus desejos.
Infames desejos, indomáveis desejos que a faziam escrava. Nada pude fazer, senão, àdistância assistir ao mais degradante ato.
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